Muitos alunos chegam às minhas aulas porque lhes disseram que tinham jeito. Nunca é uma questão de jeito, é preciso muito trabalho, horas e horas de trabalho. Um miúdo com habilidade para jogar à bola na escola não se torna profissional só porque tem jeito. Esta é uma atividade que requer coordenação motora, mas também muita repetição do movimento correto, tal como um guitarrista que pratica muito para atingir a excelência, pois tem que desenvolver a sua motricidade fina também um massagista o tem que fazer.
Massajar não é juntar uma coleção de técnicas, é estabelecer protocolos com fundamento, cada movimento pertence a um conjunto de técnicas e cada um deles tem determinados efeitos. Da mesma forma, que um atleta realiza trabalhos de intensidade diferente e os vai alternando, ou no mesmo treino tem pausas entre cada série, também num protocolo a sequência de trabalho tem picos de intensidade diferentes. É preciso construir esses protocolos atendendo às estruturas anatómicas, orientações musculares e estruturas ósseas e ligamentares, tem que se respeitar a orientação e fatores de retorno venoso. É preciso estudar Anatomofisiologia e saber aplicar esses conhecimentos na prática, identificando as estruturas anatómicas. Os meus melhores alunos são sempre os que conciliam o estudo da Anatomofisiologia com a prática.
Ser massagista é dominar um grande conjunto de técnicas que demoram a ser assimiladas…Quiromassagem, Geotermal, Drenagem Linfática, Massagem Terapêutica, Bambu, Massagem Desportiva, Pindas, Californiana, Reflexologia, Shiatsu, Quickmassage, Lomi Lomi…é saber executar protocolos nas costas, no rosto, nos membros inferiores e superiores, no abdómen,nos pés, nas mãos. É saber trabalhar em decúbito dorsal, lateral, ventral ou sentado. É saber trabalhar com populações muito distintas: atletas, sedentários, gerontes, grávidas, trabalhadores de escritório, trabalhadores fabris, etc.
Ser massagista é ter orgulho em sê-lo, porque recuperamos atletas, porque fazemos com que aquela dor nas costas desapareça, porque aliviamos a pressão naquelas pernas que estão em pé horas e horas, porque melhoramos a mobilidade. É ter a capacidade de desempenhar uma atividade que requer muita aprendizagem, mas a maior parte das vezes é menosprezada, muitas vezes pelos próprios massagistas que preferem ostentar outras designações. É ter estômago para ver tanta gente a desempenhar a nossa atividade, com tão pouco conhecimento dela.
Ensino à distância nesta área…impossível…quem o faz provavelmente tinha jeito e ficou por aí, não tendo a mínima perceção do que é ser massagista. Teletrabalho nesta área … nunca…talvez por isso, seja das que mais afetada é nestes momentos, mas também daquelas que nunca será substituída por máquinas, só num mundo em que a nossa família seja constituída por robots.